Câncer de Ovário

09/03/2010 15:30

Conceito:

 

O câncer de ovário se diferencia dos demais tumores genitais femininos porque a localização do ovário dificulta a avaliação de sintomas e, conseqüentemente, um diagnóstico precoce. Além disso, os sintomas de neoplasias de ovário têm, geralmente, características pouco específicas e nem sempre conduzem a uma suspeita de câncer.

Nenhum método é considerado satisfatório para a detecção do câncer de ovário em fases iniciais. Os meios habitualmente utilizados na investigação inicial desta doença incluem, Além do exame clínico, a dosagem do marcador tumoral CA-125 e exames de imagem como: ecografia, ultra-som trans-vaginal, tomografia computadorizada, ressonância magnética são alguns dos meios mais habituais mais utilizados na investigação do câncer de ovário.

O câncer de ovário está relacionado à atividade hormonal feminina o que significa que existe uma relação entre o câncer de ovário e o período fértil da mulher. Mulheres que nunca amamentaram ou nunca tiveram filhos, assim como mulheres com parentes diretos com câncer de ovário apresentam risco mais elevado de desenvolver neoplasia ovariana. Há também um risco acentuado em mulheres com menopausa tardia ou com diagnóstico prévio de câncer de mama.

Por se tratar de um câncer de difícil diagnóstico e com sintomas não específicos, médicos oncologistas ou ginecologistas e cirurgiões oncológicos são os mais capacitados para avaliar o câncer de ovário. Caso a avaliação inicial sugira o diagnóstico de câncer de ovário, a paciente deverá se submeter à cirurgia para avaliar a extensão da neoplasia. A cirurgia é a parte mais importante do tratamento. A quimioterapia também tem um papel fundamental no tratamento da maioria dos cânceres de ovário. Geralmente, a quimio é feita após a cirurgia, mas também pode ser indicada antes da cirurgia para mulheres com tumores mais avançados com o objetivo de diminuir o volume do tumor e facilitar a cirurgia.

Na atualidade o maior problema em relação ao câncer de ovário é a dificuldade de se fazer um diagnóstico precoce. Pacientes com perfil de risco podem se submeter a exames que possam sugerir alterações indicativas de câncer de ovário.

Atenção e cuidado são fundamentais na prevenção de qualquer tipo de câncer. Consultar o ginecologista dentro dos prazos que ele estabelece é bastante importante e evita problemas futuros.

Estimativa de novos casos: 3.837 (2009)

Número de mortes: 2.583 (2007)

 

Quadro Clínico

A sintomatologia da neoplasia maligna é muito variada e se relaciona com o tumor primário e com as suas complicações locais e distantes. Localmente, os sintomas e sinais provocados pelo tumor são próprios do órgão ou do sistema acometido. Síndromes diversas, como febre de origem desconhecida, anorexia, emagrecimento, manifestações de substâncias biologicamente ativas produzidas pelo tumor, e os achados clínicos relacionados com as metástases à distância são repercussões orgânicas que podem compor o quadro clínico do câncer.
Os principais problemas clínicos resultantes do tumor primário e de suas metástases estão relacionados no quadro abaixo. Nota-se que o câncer se manifesta através de síndromes as mais variadas. Sintomas constitucionais como anorexia, emagrecimento, astenia e febre podem ocorrer na evolução clínica de vários tipos de tumores. Outras manifestações como as dolorosas, infecciosas e psicológicas também são comumente encontradas.

Manifestações específicas dos órgãos podem ter causas múltiplas. Por exemplo, o acometimento dos ossos pode ser devido a tumor originado no próprio osso, a tumor metastático ou a alterações ósseas paraneoplásicas.As síndromes paraneoplásicas são raras e, quando ocorrem, geralmente acompanham tumores de pulmão, mama, ovário e retroperitônio. Podem se manifestar de maneiras diversas, acometendo principalmente os sistemas neuromuscular, vascular, ósseo, articular e glandular. Relacionam-se com a produção, pelo tumor maligno, de substâncias biologicamente ativas e podem preceder, até em anos, a fase clínica do tumor. É importante ressaltar que a síndrome paraneoplásica é fator agravante do prognóstico e que seu controle depende do controle do tumor. Das síndromes paraneoplásicas, as mais bem compreendidas são as hormonais. A emergência oncológica pode ser a primeira manifestação do câncer, pode surgir no curso de um tumor já diagnosticado ou pode, ainda, constituir-se em complicação do tratamento (como ocorre com a síndrome da lise tumoral). Qualquer que seja o caso, é imprescindível que o diagnóstico e o tratamento ocorram prontamente, pois o seu retardo pode acarretar a morte ou dano irreparável (como a paraplegia em caso de compressão da medula espinhal). Diante da complexidade das manifesta;ões clínicas do câncer, faz-se necessário que o processo diagnóstico seja conduzido ordenada e objetivamente.

 

Diagnóstico:

Procedimentos e exames utilizados para o diagnóstico de malignidade

Procedimento Definição Indicação Exame
Biópsia Excisional Ressecção ampla da lesão com tecido normal em toda a circunjacência. Margens de segurança radial e vertical. Pode corresponder ao tratamento do tumor primário. Lesões ressecáveis. A extensão da ressecção vai depender do tecido, do órgão e da região afetada. Histopatológico
Biópsia Incisional Retirada de uma amostra da lesão tumoral, devendo ser feita na periferia para incluir tumor e tecido normal e evitar área de necrose do tumor. Lesões extensas inoperáveis. Lesões de ossos, músculos e outros tecidos moles. Biópsias endoscópicas. Histopatológico
Curetagem Raspagem através de instrumentos apropriados. Coleta de material da cavidade uterina. Lesões ósseas. Histopatológico
Biópsia percutânea Retirada de material através da punção de lesões, órgãos ou tecidos, pelo uso de agulhas apropriadas. Biópsia da medula óssea, fígado, mama, pulmão, pleura etc. Histopatológico
Punção Aspirativa Sucção de material tumoral sólido pelo uso de agulha fina. Lesões sólidas acessíveis ao procedimento. Citopatológico
Esfoliação Raspagem ou escovagem através do exame direto ou endoscópico. Lesões do epitélio de revestimento. Citopatológico
Punção Drenagem de cavidades serosas. Ascite, derrame pleural e pericárdico. Citopatológico
Punção de líquidos e tecidos. Punção de medula óssea e do líquido cefalorraquidiano.
Punção de lesões císticas.
Citopatológico

 

Fatores de Risco:

 

  • Quais são os riscos de se desenvolver um câncer de ovário?

Existem fatores que estão relacionados ao aparecimento do câncer de ovário. Dentre eles, podemos citar os seguintes determinantes: genéticos, hormonais e ambientais. Convém ressaltar que aproximadamente 90% dos casos de câncer de ovário não apresentam fatores de risco. Os outros 10% dos cânceres de ovário apresentam um elemento genético ou familiar. A história familiar é o fator de risco mais importante.

É muito comum que as mulheres apresentem cistos no ovário, o que não deve ser motivo para pânico. O perigo só existe quando os cistos são maiores que 10 cm e possuem além de áreas sólidas também áreas líquidas. Nesse caso, a cirurgia é o tratamento mais indicado.

O câncer de ovário é um tipo de câncer que apresenta alta taxa de letalidade, principalmente porque o diagnóstico geralmente é tardio. A grande maioria das pacientes com câncer ovariano não se enquadra em nenhum grupo de risco. Os métodos preventivos disponíveis no momento não são plenamente confiáveis, por isso mesmo é fundamental estar sempre alerta para a possibilidade deste câncer. O tratamento do tumor no estágio inicial permite cura na maioria das pacientes.

 

  • Dentre os fatores de risco mais comuns associados ao câncer de ovário podemos citar:

 

 1. História Familiar

Mulheres com parentes próximos como mãe, irmã ou filha que tiveram câncer de ovário, apresentam mais risco de desenvolver esse tipo de tumor.

 2. História Ginecológica

Mulheres que nunca engravidaram têm mais chance de ter câncer de ovário. E quanto mais vezes uma mulher engravida, menor é o seu risco de desenvolver uma neoplasia ovariana. A amamentação também protege contra o câncer de ovário. Mulheres que fizeram ligadura de trompa ou histerectomia , isto é, retirada cirúrgica do útero também têm menos chance de ter esse tipo de câncer.

 3. Uso de Medicações

Algumas mulheres que utilizam medicações para infertilidade, têm um maior risco para ter esse tipo de tumor.

O uso de anticoncepcional oral protege contra o câncer de ovário.

 4 Idade da mulher

Mulheres com idade superior a 50 anos têm mais chances de desenvolver esse tipo de câncer, por isso o acompanhamento médico é fundamental.

 5. Terapia hormonal

A terapia de reposição hormonal aumenta o risco de câncer de ovário. Neste caso, as mulheres devem fazer com freqüência exames ginecológicos e outros exames de imagem que controlam as alterações nos ovários. O intervalo entre um exame e o outro deve ser discutido com seu médico.

 

Tratamento:

Confirmado o diagnóstico, o tratamento vai depender do estadiamento da doença, isto é, do estágio em que ela se encontra. O procedimento básico de diagnóstico e tratamento é a cirurgia. Sua extensão vai depender das dimensões do tumor e da presença de comprometimento de outros órgãos. Ela pode se limitar à remoção dos dois ovários e trompas, útero e gânglios linfáticos. Pode ser ainda necessária a retirada de outros órgãos, como segmentos do intestino, além de eventuais implantes.

Também se utiliza a quimioterapia na maioria dos casos, que pode ser uma combinação de várias drogas administradas por via endovenosa. Para algumas pacientes é recomendada a quimioterapia intra-peritonial, que consiste em infundir na cavidade abdominal a medicação por meio de um catéter.

 

  • As chances de sucesso do tratamento dependem dos seguintes fatores:

 

 1. estágio do cancer;

 2. tipo de tumor;

 3. idade da paciente;

 4. estado geral de saúde;

 5. tipo de cirurgia realizada;

 6. resposta ao tratamento de quimioterapia.

 

Prevenção

 

Caso a mulher faça parte do chamado grupo de risco, deve consultar o médico com maior freqüência, principalmente as mulheres com idade acima de 50 anos. O Papanicolau é um exame preventivo ginecológico específico para detectar o câncer do colo do útero e não detecta o câncer de ovário.

A causa da maioria dos cânceres de ovário ainda não é conhecida, no entanto há fatores de risco bem definidos para o chamado câncer ovariano epitelial. Algumas alterações genéticas estão diretamente relacionadas com o câncer de ovário. Os fatores de risco mais importantes são: mulher com idade superior a 40 anos, obesidade e casos de câncer ovariano na família. Além disso, não ter filhos ou ter a primeira gravidez após os 35 anos aumenta o risco de câncer ovariano. A cada nova gravidez, o risco diminui. Contudo, é importante frisar que 95% dos casos de câncer de ovário ocorrem em mulheres que não apresentam fatores de risco.

Não existem recomendações específicas para prevenção do câncer ovariano. Sabe-se que anticoncepcionais orais reduzem o risco de câncer de ovário. Este efeito torna-se maior com o uso prolongado de anticoncepcional. A ligadura das trompas também parece reduzir o risco de tumores no ovário. Apesar de a obesidade ser um fator de risco, não existem ainda estudos que provem a relação entre dieta e câncer de ovário.

As mulheres com mais de 35 anos de idade, com histórico familiar importante de câncer ovariano, podem retirar os ovários. As mulheres com mais de 40 anos de idade que se submeteram à histerectomia, isto é, a retirada do útero por motivos como miomas ou cistos benignos deveriam conversar com o médico sobre a possibilidade de retirar também os ovários.

O melhor método para avaliação periódica e preventiva dos ovários é o ultra-som transvaginal, que é o exame que apresenta sensibilidade e especificidade para detectar o câncer ovariano.

O câncer de ovário é um tipo relativamente incomum de câncer ginecológico e estudos estão sendo realizados com o objetivo de possibilitar uma detecção mais precoce do câncer ovariano diminuindo, assim, a mortalidade relacionada a essa doença.