Radioterapia

 

A radioterapia utiliza raios de alta energia para matar as células do câncer de próstata, diminuir o tumor, ou prevenir a divisão e disseminação das células cancerosas. É praticamente impossível direcionar esses raios apenas para as células cancerosas. Como resultado, os raios podem danificar tanto as células cancerosas quanto as células sadias adjacentes. As doses de radiação normalmente são pequenas e se disseminam com o passar do tempo. Isso permite que as células sadias se recuperem e sobrevivam, enquanto as células cancerosas eventualmente morram. A radioterapia normalmente é utilizada quando o câncer de próstata não se estende além da próstata (Estágios T1-T2). Pode ajudar a prevenir que o câncer se dissemine ainda mais. Como a cirurgia, a radioterapia apresenta melhores resultados quando o câncer está localizado em uma área pequena. Nos estágios iniciais do câncer de próstata, a radioterapia pode curar a doença. A radioterapia também pode ser utilizada isoladamente ou em combinação com a hormonoterapia quando as células cancerosas tiverem se disseminado além da próstata para a região pélvica (Estágios T3-T4) e para aliviar a dor no câncer de próstata que não estiver mais respondendo à hormonoterapia e tenha se disseminado para os ossos (Estágio M+).

Há duas maneiras pelas quais os raios de alta energia podem ser administrados. A radioterapia envolve a radioterapia externa (EBRT) ou um tipo de radioterapia interna denominada braquiterapia. Esses tipos de radioterapia são discutidos abaixo.

Radioterapia externa

Na radioterapia externa, os raios são liberados por um equipamento, e a radiação é administrada em sessões curtas, normalmente uma sessão a cada dia da semana, durante várias semanas. Muitos pacientes comparam os tratamentos a uma radiografia. O procedimento é indolor, e dura alguns poucos minutos. A radioterapia externa pode ser administrada isoladamente ou em combinação com hormonoterapia.

Os avanços recentes na radioterapia incluem dois novos métodos de tratamento. Esses desenvolvimentos podem ajudar a reduzir os efeitos colaterais e aumentar o sucesso do tratamento. É importante lembrar, entretanto, que os tratamentos mais recentes são freqüentemente considerados experimentais até que possam demonstrar a mesma taxa de sucesso que as formas mais tradicionais de terapia. Além disso, esses tipos mais recentes de terapia podem não estar disponíveis em todos os centros de radioterapia. O médico pode aconselhar sobre o tratamento correto.

Radioterapia tridimensional conformacional (3D-CRT)

Na radioterapia conformacional tridimensional (3D-CRT), são utilizados computadores de alta tecnologia para identificar a localização do câncer dentro da glândula prostática. O passo seguinte envolve a criação de um dispositivo de proteção especial que o paciente veste durante os tratamentos. Este dispositivo é semelhante a um aparelho gessado, mas é moldado em styrofoam e ajuda a manter o corpo imobilizado durante o tratamento e objetiva direcionar os feixes de radiação com maior precisão a fim de abranger a glândula prostática inteira. A idéia é poder direcionar uma dose alta de radiação apenas para as células cancerosas, reduzindo ao mesmo tempo a quantidade de radiação que as áreas não-cancerosas adjacentes recebem. Se o tecido sadio puder ser poupado dos efeitos da radiação, os efeitos colaterais seriam menores e o sucesso da terapia é maior.

Radioterapia conformacional com feixe de prótons

A radioterapia conformacional com feixe de prótons é outro tipo novo de radioterapia. Essa técnica é semelhante à 3D-CRT, exceto pelo fato de utilizar prótons para produzir o feixe de radiação. Os prótons são partículas microscópicas que produzem energia na forma de um feixe de radiação. Os feixes de prótons podem atravessar o tecido sadio sem danificá-lo, ao mesmo tempo em que tem por objetivo o tecido canceroso.

Vantagens: A cirurgia maior normalmente pode ser evitada utilizando-se a radioterapia. A radioterapia pode curar o câncer de próstata em seus estágios iniciais e pode ajudar a prolongar a vida nos estágios mais avançados. Raramente causa perda do controle urinário, e outros efeitos colaterais, como a impotência, ocorrem em menor freqüência do que com a cirurgia. As técnicas mais recentes mencionadas acima parecem promissoras em termos de menor chance de efeitos adversos e maior chance de sucesso.

Desvantagens: A radioterapia pode causar uma variedade de efeitos colaterais. A maioria desses efeitos colaterais não é grave e desaparece após interrupções da terapia. Esses efeitos colaterais incluem cansaço, reações cutâneas nas áreas tratadas, micção freqüente e dolorosa, irritação estomacal, diarréia, e irritação ou sangramento retal. Há uma chance de ocorrer alguns efeitos colaterais permanentes. A função intestinal pode não retornar ao normal mesmo após o tratamento estar completo. Quando a radioterapia é realizada com um equipamento externo, a impotência pode se desenvolver em até 2 anos mais tarde em alguns pacientes e pode ser um efeito colateral permanente. É especialmente importante que o paciente mais jovem leve isso em consideração ao pensar em opções de tratamento diferentes. Finalmente, os tipos mais recentes de radioterapia, tais como a 3D-CRT e a EBRT, podem não estar disponíveis em todos os centros de radioterapia. O médico e o centro de radioterapia local serão capazes de informar os tipos específicos de tratamento oferecidos em seu centro.

Braquiterapia ou "sementes" (radioterapia intersticial)

Na braquiterapia (também denominada sementes radioativas ou radioterapia intersticial), os raios vêm de sementes radioativas minúsculas inseridas diretamente na próstata. A braquiterapia pode ser utilizada isoladamente ou pode ser combinada com a EBRT. As sementes são muito pequenas para serem sentidas pelo paciente e não causam nenhum desconforto. São inseridas no tumor durante um procedimento cirúrgico estando o paciente sob anestesia local ou geral. Um equipamento especializado como os tomógrafos, ultra-som, e MRI ajudam o cirurgião a inserir corretamente as sementes. As sementes emitem raios continuamente durante semanas, meses, ou até um ano, e podem permanecer seguramente no local pelo resto da vida de uma pessoa. O período de tempo em que as sementes permanecem radioativas depende da dose e do tipo de material radioativo é utilizado.

Na braquiterapia, a radiação é colocada o mais próximo possível das células cancerosas de forma que menos tecido normal seja exposto à radiação. A radioterapia intersticial freqüentemente permite ao médico utilizar uma dose mais alta de radiação, mas durante um período de tempo mais curto do que é possível com a radiação externa. As sementes utilizadas durante a braquiterapia contêm substâncias radioativas diferentes que podem incluir rádio, irídio, césio, fósforo, iodo, e paládio. A braquiterapia, entretanto, não torna o paciente radioativo.

A radioterapia intersticial normalmente é realizada dentro de um hospital, e pode ser que haja necessidade de internação durante alguns dias ou um tempo maior. Há uma foto abaixo de um tipo de semente utilizada durante a braquiterapia. Você notará que as sementes são muito pequenas. Por ser projetada para ter como objetivo as células cancerosas e não danificar a área adjacente, a braquiterapia raramente é recomendada quando o câncer tiver se disseminado além da glândula prostática.

Braquiterapia de alta taxa de dose

A braquiterapia de alta de dose é uma forma mais recente de tratamento radioativo intersticial envolvendo sementes que são implantadas apenas temporariamente. Essas sementes permanecem no local durante menos de um dia e contêm maior quantidade de material radioativo do que as sementes que permanecem no local durante um período de tempo maior. Esse tipo de braquiterapia pode ser realizado até mesmo em caráter ambulatorial e pode não requerer hospitalização.

 

As sementes utilizadas na braquiterapia podem ser muito pequenas. Um tipo de semente de paládio é mostrado sobre a moeda.

Estrôncio 89

Estrôncio 89 , também chamado de Metastron,®* é outra forma de radioterapia. É administrado por injeção e é utilizado para controlar a dor óssea em pacientes com câncer de próstata metastatizado (Estágio M+) que não responde mais à hormonoterapia. A radiação proveniente do estrôncio 89 vai diretamente para o osso para matar as células cancerosas e pode proporcionar alívio dramático da dor a muitos pacientes com desconforto. Este tipo de radiação "procura" os ossos afetados com câncer, e pode ser bastante efetivo. O estrôncio 89 também pode ser combinado com a EBRT, se necessário.

Vantagens: A braquiterapia demonstrou alguns resultados iniciais promissores. Em geral, há freqüentemente menos complicações com a braquiterapia do que é observado com as cirurgias mais extensas.3 O próprio procedimento é geralmente indolor e, em muitos casos, o paciente sente menos dor após o tratamento do que após a cirurgia. A braquiterapia requer menos visitas ao hospital ou ao consultório do médico do que outros tratamentos. Na realidade, os tipos mais recentes de braquiterapia, como a braquiterapia de alta taxa de dose, normalmente envolvem muito pouco desconforto. Novos compostos radioativos injetáveis, como aqueles contendo estrôncio radioativo, podem proporcionar alívio da dor causada pelo câncer que se disseminou para os ossos. Estes novos compostos têm menos efeitos colaterais que os compostos de fósforo radioativo que estiveram disponíveis durante muitos anos.

Desvantagens: Os estudos clínicos ainda estão sendo conduzidos para determinar à efetividade da radioterapia.4 A braquiterapia foi associada à impotência, incontinência urinária, e problemas intestinais. Diarréia e dor e queimação retal podem ocorrer em alguns pacientes. Além disso, podem não ser fácil tratar estes efeitos colaterais. Em geral, a radioterapia interna tem efeitos colaterais que geralmente são semelhantes aos da EBRT, mas com algumas diferenças importantes. A braquiterapia causa impotência menos freqüentemente do que a cirurgia ou a EBRT; porém, pode estar associada a contagens diminuídas de leucócitos e plaquetas. Conforme mencionado anteriormente, a inserção de semente normalmente não é uma opção de tratamento para o câncer de próstata que tenha se disseminado além da glândula de próstata.

* Metastron® é uma marca registrada da Nycomed Amersham International.