CA de Mama

06/03/2010 21:20

Conceito

Segundo tipo mais frequente no mundo, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom.

No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.

Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. Estatísticas indicam aumento de sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes.

Estimativa de novos casos: 49.240 (2010)
Número de mortes: 11.194 (2007)

Os seios femininos estão constituídos, em sua maior parte, por tecido gorduroso e tecido conectivo. As mamas possuem seções chamadas lobos, onde é produzido o leite materno. Os lobos são formados por uma rede de tubos finos ou dutos que são os encarregados de conduzir o leite até uma área mais escura da pele no meio da mama, a aréola. Ao juntar-se formam dutos maiores que terminam no mamilo.

 O tecido muscular encontra-se debaixo do tecido mamário, separando as mamas das costelas. Junto com o ligamento de Cooper os músculos são os encarregados de suportar todo o peso da mama. As axilas contêm uma coleção de linfonodos (gânglios linfáticos), que fazem parte do sistema linfático, sistema responsável pelo combate às infecções do organismo.

 

Sintomas

  • Aparecimento de um nódulo ou de um espessamento da mama ou próximo a ela ou ainda na região da axila.

  • Alteração no tamanho ou na forma da mama.
  • Alteração no aspecto da mama, auréola ou mamilo.
  • Saída de secreção pelo mamilo, sensibilidade mamilar ou inversão do mamilo para dentro da mama.
  • Enrugamento ou endurecimento da mama (a pele de mama adquire um aspecto de casca de laranja).
  • Sensações diferentes: calor, inchaço, rubor, escamação.

A maior parte dos nódulos não são câncer. Comumente são cistos com fluidos no tecido do seio que aumentam e diminuem com o ciclo menstrual.

 

Diagnóstico: 

O câncer é uma patologia com localizações e aspectos clínico-patológicos múltiplos e não possui sintomas ou sinais patognomônicos, podendo ser detectado em vários estágios de evolução histopatológica e clínica. Destes fatos resulta, em grande parte, a dificuldade do seu diagnóstico e a afirmativa de que a suspeita de câncer pode surgir diante dos sintomas os mais variados possíveis.

O paciente, ao procurar um médico, não sabe ainda a natureza da sua doença e, assim, não procura diretamente um especialista. Setenta por cento dos diagnósticos de câncer são feitos por médicos não-cancerologistas, o que evidencia a importância destes profissionais no controle da doença. O médico chega a uma suposição diagnóstica através de várias etapas, durante as quais deve proceder a uma análise cuidadosa, com base principalmente em seu conhecimento do caso e da patologia, olhando sempre o paciente como um todo, não se restringindo ao sistema-alvo da sua especialidade. Neste processo, toma diversas decisões, cujo acerto ou erro repercute sobre a sobrevida do paciente e/ou sua qualidade de vida. No Brasil, muito ainda tem de ser feito para que os médicos assumam a responsabilidade que lhes cabe quanto à prevenção e ao controle do câncer. A adequação das condutas diagnósticas e terapêuticas, e a agilidade no encaminhamento do caso constituem o âmago do exercício efetivo de tal responsabilidade.

 

Estadios:

O tratamento do câncer de mama depende de muitos fatores, dentre eles: a histologia do tumor, a idade da paciente e o fato de estar ou não na menopausa e, mais importante ainda, em que estágio se encontra o tumor. É o estágio do tumor que determinará se o câncer pode ser removido cirurgicamente ou se precisará de outros tipos de tratamento, como quimioterapia, tratamento hormonal ou radioterapia.

Para sabermos se um tumor está avançado ou não, há uma classificação dos tumores, criado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC), denominado estadiamento, baseado no fato de que os tumores seguem um curso biológico comum. Esta avaliação tem como base a dimensão do tumor, a avaliação da extensão aos linfonodos e a presença ou não de metástases para outras partes do corpo. Após a avaliação destes fatores, os casos são classificados em estágios que variam de I a IV graus crescentes de gravidade da doença. São eles:

  • Estágio 0

É o chamado carcinoma in situ que não se infiltrou pelos dutos ou lóbulos, sendo um câncer não invasivo. O estágio zero significa que as células do câncer estão presentes ao longo da estrutura de um lóbulo ou um ducto, mas não se espalharam para o tecido gorduroso vizinho, isto é, as células cancerosas que ainda não invadiram os tecidos circundantes.

Nos estágios I e II, o câncer expandiu-se dos lóbulos ou ductos para o tecido próximo à mama.

  • Estágio I:

O tumor invasivo é pequeno (menos de 2cm de diâmetro) e não se espalhou pelos linfonodos, isto é, o tumor que permaneceu no local no qual se originou sem disseminação para os linfonodos ou locais distantes.

  • No estágio II:

Algumas vezes, os linfonodos podem estar envolvidos.

  • Estágio IIa:

Qualquer das condições abaixo:

  1. O tumor tem menos que 2 centímetros e infiltrou linfonodos axilares.
  2. O tumor tem entre 2 e 5 centímetros, mas não atinge linfonodos axilares.
  3. Não há evidência de tumor na mama, mas existe câncer nos linfonodos axilares.
  • Estágio IIb:

Qualquer das condições abaixo:

  1. O tumor tem de 2 a 5 centímetros e atinge linfonodos axilares.
  2. O tumor é maior que 5 centímetros, mas não atinge linfonodos axilares.
  • O estágio III

É o câncer de mama localmente avançado, em que o tumor pode ser maior que 5cm de diâmetro e pode ou não ter se espalhado para os linfonodos ou outros tecidos próximos à mama.

  • Estágio IIIa:

Qualquer das condições abaixo:

  1. O tumor é menor que 5 centímetros e se espalhou pelos linfonodos axilares que estão aderidos uns aos outros ou a outras estruturas vizinhas.
  2. O tumor é maior que 5 centímetros, atinge linfonodos axilares os quais podem ou não estar aderidos uns aos outros ou a outras estruturas vizinhas.
  • Estágio IIIb:

O tumor infiltra a parede torácica ou causa inchaço ou ulceração da mama ou é diagnosticado como câncer de mama inflamatório. Pode ou não ter se espalhado para os linfonodos axilares, mas não atinge outros órgãos do corpo.

  • Estágio IIIc:

Tumor que qualquer tamanho que não se espalhou para partes distantes, mas que atinge linfonodos acima e abaixo da clavícula ou para linfonodos dentro da mama ou abaixo do braço.

  • Estágio IV:

É o câncer metastático. O tumor de qualquer tamanho espalhou-se para outros locais do corpo como ossos, pulmões, fígado ou cérebro.

Exames:

  • Auto-exame:

o auto-exame das mamas é um exame realizado pela própria mulher. Deve ser feito por todas as mulheres de forma mensal aproximadamente sete dias após a menstruação. Para as mulheres que deixaram de menstruar a recomendação é a de marcar uma data, por exemplo, todo dia primeiro e fazer o auto-exame. O principal objetivo do auto-exame é propiciar o auto conhecimento, ou seja, que as mulheres conheçam bem as suas próprias mamas.

  • Exame clínico

Durante a consulta ginecológica, é obrigação do médico examinar a mama da paciente, verificando possíveis sinais e sintomas da doença. Segundo recomendações do Instituto Nacional do Câncer no Brasil este exame deve ser feito anualmente por um médico ou profissional de saúde treinado (enfermeira). IMPORTANTE! O auto-exame não substitui o exame clínico.

  • Mamografia

A mamografia é o exame de imagem mais recomendado para o diagnóstico precoce do câncer de mama. É realizado através de um aparelho de raios-X, chamado mamógrafo, desenvolvido especialmente para esse fim. Nele, a mama é comprimida de maneira a fornecer melhores imagens, e, portanto, melhor capacidade de diagnóstico. Existe sim um desconforto (algumas mulheres relatam dor) provocado durante o exame, mas que deve ser tolerado. A mamografia permite a detecção precoce do câncer, por ser capaz de mostrar lesões em fase inicial (até mesmo pequenos tumores com milímetros). Toda mulher, a partir dos 40 anos de idade, deve realizar anualmente a mamografia.

  • Ultra-sonografia 

Por meio da utilização de ondas de alta freqüência, a ultra-sonografia pode mostrar se o nódulo mamário é sólido ou se está preenchido com líquido. É um exame que deve ser feito para complementar a mamografia.

  • Exames de Rastreamento:

São três os procedimentos básicos no rastreamento e no diagnóstico do câncer de mama:

  1. Exame citológico (punção aspirativa com agulha fina e citologia da descarga papilar);
  2. Exame histopatológico (biópsia). O tipo de biópsia varia de acordo com a quantidade e a qualidade do tecido a ser estudado. Pode-se fazer uma biópsia por aspiração com uma agulha fina, com uma agulha mais grossa ou uma pequena cirurgia para retirar toda a massa ou nódulo para que possa ser estudado como um todo.
  3. A avaliação microscópica do material (anatomopatológico) é o exame que confirma se é câncer ou não.

 

Tratamento:

O tratamento recomendando para o câncer de mama varia de acordo com o tipo de tumor e também do estágio de desenvolvimento da doença. Por isso, para cada tipo de câncer haverá um tratamento específico e apropriado.

Os principais tratamentos:

  • A cirurgia

A cirurgia é o tratamento mais freqüente para o câncer de mama, pois objetiva a retirada do tumor. Elas podem ser de dois tipos: quadrantectomia (conservadora) ou mastectomia (radical).

Na cirurgia conservadora será retirada apenas uma parte da mama. Já na cirurgia radical, a mama é retirada por completo e, eventualmente, é extraído também o músculo peitoral. As duas modalidades cirúrgicas podem ser ou não acompanhadas pela retirada de gânglios linfáticos das axilas (linfonodos).

É o médico mastologista quem decide qual o tipo de cirurgia mais indicado para o tratamento do tumor e os riscos e benefícios de cada tipo. A decisão é um passo importante e deve incluir a participação da paciente.

  • A quimioterapia

A quimioterapia é o tratamento que utiliza medicamentos extremamente potentes para combater o tumor. As drogas utilizadas recebem o nome de agentes quimioterápicos, podendo ser administradas por via intravenosa (injeção na veia) ou via oral. O tempo de administração da quimioterapia é variável, sempre seguido de um período de descanso e recuperação de 1 a 4 semanas. O número de ciclos ou sessões dependerá do tipo de câncer do esquema quimioterápico e de como este responderá aos medicamentos administrados.

Por ter ação sistêmica, ou seja, alcança às células cancerígenas em qualquer região do corpo, infelizmente os medicamentos usados não atacam apenas as células cancerosas, podem também atingir as células sadias do corpo, responsáveis pela defesa do nosso organismo o que pode provocar alguns efeitos colaterais.

Dependendo do tipo de câncer e de sua extensão no organismo, o tratamento quimioterápico tem por objetivo a cura, eliminando completamente a doença, ou o controle, quando a doença não pode ser removida por completo, buscando diminuir a quantidade de células neoplásicas no organismo e impedindo que as células tumorais atinjam outros órgãos. A quimioterapia é capaz de prolongar a vida do paciente reduzindo os sintomas da doença.

  • A Radioterapia

A radioterapia é um tratamento baseado na aplicação de radiação direcionada ao tumor bloqueando o crescimento das células anormais. A quantidade de radiação utilizada depende do tipo e do tamanho do tumor. Tem por objetivo a eliminação do tumor, visando à cura, ou a diminuição dos sintomas da doença. A radioterapia pode ser utilizada de maneira isolada ou combinada à cirurgia e/ou à quimioterapia. A radioterapia pode ser realizada antes do tratamento cirúrgico para reduzir o tamanho do tumor, ou posterior à cirurgia para evitar a recidiva (volta) da doença. Os cuidados necessários durante o tratamento variam de acordo com a área irradiada. A equipe médica e de enfermagem devem orientar o paciente quanto aos cuidados específicos que devem ser adotados nesse período.

  • A Hormonioterapia

A hormonioterapia é um tipo de tratamento que tem como finalidade impedir que as células malignas continuem a receber o hormônio que estimula o seu crescimento. Este tratamento é utilizado sempre que o tumor expressa positividade para receptores hormonais de estrogênio, independente da idade, do estadiamento da doença e da mulher ser pré ou pós-menopáusica. Como a quimioterapia a terapia hormonal tem ação sistêmica, o que significa que age em todas as partes do organismo. Antes de se iniciar a hormonioterapia, é necessário que toda paciente faça um teste de receptores de estrogênio e progesterona, para que se possa ter uma comprovação da sensibilidade ao medicamento e avaliar a utilidade da terapia em cada caso. Mais da metade das pacientes em que é solicitado o exame a indicação de uso de hormonioterapia é positiva.